Um dos desafios dos dias atuais nas escolas é
desenvolver no aluno o gosto pela literatura, ou uma leitura extensiva.
Todos os educadores reclamam o crescente
desinteresse dos estudantes de todos os graus pela leitura. Muitas e diferentes
razões são apontadas para o fato: descuido familiar, decadência do ensino,
excesso de facilidade na vida escolar, apelos sociais com muitas formas de
diversão, etc.
O trabalho foi desenvolvido sobre a preferência
de diversão dos alunos, os tipos de livros que tem em casa e o incentivo que
recebem por parte do professor da classe, da bibliotecária e da família para o
desenvolvimento do gosto pela literatura.
Isso surgirá com o melhor conhecimento do
fenômeno literário e do leitor infantil, e certamente trará como conseqüência a
produção de obras literárias mais adequadas para a infância, a facilitação do
acesso ao livro e melhores opções de leitura e de atividades em torno dela.
Um dos pontos cruciais a ser superado é a leitura
com cobrança. Pense! Por que o aluno prefere a televisão, o vídeo-game, a
internet e outras diversões em vez da leitura? Será que é por que não tem que
relatar nada, não tem que fazer prova sobre o assunto, não vai ser cobrado de
alguma outra forma?
Sem dúvida, o desinteresse dos alunos tem como
uma das causas esse condicionamento, essa tranqüilidade que vamos, ano após
ano, levando às crianças os mesmos livros, as mesmas histórias, supondo
atividades iguais para todos os alunos como se eles fossem iguais.
Cabe ao educador refletir e mudar sua prática
pedagógica. A leitura precisa ser vista como uma possibilidade de indagar, pesquisar,
criar, recriar, de maneira que a literatura venha a ter uma função atual,
verdadeiramente recreativa e estética – e por isso social e renovadora -, entre
atividades da criança e do adolescente. Isso ocorrerá com facilidade quando a
literatura for um valor para o próprio estudante.
Se perguntarmos a qualquer educador sobre o que
se pretende quando leva o livro à infância, a resposta será sempre a mesma:
queremos criar nos pequenos o hábito de ler. Em outras palavras, pretendemos
que a criança tenha, pela vida afora, a literatura como forma de
enriquecimento.
Mas, o que a escola tem feito para isso? Qual é o
incentivo que as crianças têm para dedicarem à leitura? O que os nossos alunos
gostam de ler? Por que nossos alunos lêem tão pouco?
Há uma intensa crítica aos procedimentos
utilizados freqüentemente sobre literatura na sala de aula. Muitos são os
autores que se dedicam aos estudos da importância da literatura e está na hora
de socializarmos com este material para entendermos as dificuldades diante do
desenvolvimento do hábito de ler em nossos alunos.
Vale ressaltar que é preciso pensar e repensar o
problema da leitura no contexto brasileiro, estimular o aluno a ler é difícil,
mas sabemos que é preciso.
REFLEXOES SOBRE LITERATURA
O trabalho com literatura infantil, nos mais
diferentes graus de ensino tem-nos mostrado as dificuldades que todos os
interessados no assunto enfrentam: escassa bibliografia relativa à teoria da
literatura infanto-juvenil; difícil acesso ao texto; poucas experiências de
apoio para um trabalho prático e eficiente com literatura para crianças e
jovens.
Sabemos que a escola tem dado a muitos a posse do
código escrito, mas a poucos o direito de se tornarem leitores. Os alunos
necessitam aprender diferentes maneiras de ler, que correspondem não só aos
diferentes objetivos e expectativas dos leitores, mas ao fato de que circulam
na sociedade tipos e gêneros textuais diversos. Não se realiza o direito de ler
sem que os objetos estejam garantidos. Objetos que contemple variação de
suportes como: jornais, livros de literatura, livros de informações, revistas
diversas, vídeos, documentários, etc, e que, respeitadas as especificidades
lingüísticas e diferentes propostas de interlocução, também contemplem
variações de mídias como: rádio, televisão, internet, etc.
A leitura é uma prática social que envolve
atitudes, gestos e habilidades que são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de
leitura propriamente dito, como no que antecede a leitura e no que decorre
dela. Assim, o sujeito demonstra conhecimentos de leitura quando sabe a função
de um jornal, quando se informa sobre o que tem sido publicado, quando localiza
pontos de acesso público e privado aos textos impressos (biblioteca), quando
identifica pontos de compra de livros (livraria, bancas, etc.). Dizendo de
outra forma, depois que um leitor realiza a leitura, os textos que leu vão
determinar suas escolhas de leitura futuras, servirão de contraponto para
outras leituras.
Atitudes como gostar de ler e interessar-se pela
leitura e pelos livros são construídas, para algumas pessoas, no espaço
familiar e em outras esferas de convivência em que a escrita é importante que a
criança perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário e que tenha os
adultos como modelo. Nessa perspectiva, não é necessário que a criança espere
aprender a ler para ter acesso ao prazer da leitura: pode ler através dos
“olhos” do professor e de outros mediadores culturais. Para adquirir uma
atitude descontraída com os textos, é importante também que o aluno manuseie
livros e outros impressos, que tente ler e adivinhar o que está escrito.
Considerando que esta tem sido uma preocupação
constante da Escola Básica – mesmo que não se obtenha o sucesso esperado –
voltamos nossa atenção para dois focos específicos: o tipo de texto utilizado
na escola e a perspectiva metodológica sobre a qual se alicerçam as atividades
de leitura, não sem considerar, anteriormente, sob que perspectiva a escola
está procurando formar este leitor.
As atitudes de leitura não exigem uma fase certa
para fundamentar-se, constituem-se como componente do processo de
escolarização. Por isso, o planejamento de trabalho com leitura desde a Fase
Introdutória do Ciclo Inicial de Alfabetização é muito importante e deve levar
em conta que as atitudes favoráveis à leitura e a disposição de adquirir
comportamentos sociais típicos de leitor são fruto de um trabalho contínuo.
Certamente que um bom trabalho feito nas séries iniciais de alfabetização em
relação à leitura será favorável ao desenvolvimento do hábito de ler em futuros
jovens.
Considerando que esta tem sido uma preocupação
constante da Escola Básica – mesmo que não se obtenha o sucesso esperado –
voltamos nossa atenção para dois focos específicos: o tipo de texto utilizado
na escola e a perspectiva metodológica sobre a qual se alicerçam as atividades
de leitura, não sem considerar, anteriormente, sob que perspectiva a escola
está procurando formar este leitor.
As atitudes de leitura não exigem uma fase certa
para fundamentar-se, constituem-se como componente do processo de
escolarização. Por isso, o planejamento de trabalho com leitura desde a Fase
Introdutória do Ciclo Inicial de Alfabetização é muito importante e deve levar
em conta que as atitudes favoráveis à leitura e a disposição de adquirir
comportamentos sociais típicos de leitor são fruto de um trabalho contínuo.
Certamente que um bom trabalho feito nas séries iniciais de alfabetização em
relação à leitura será favorável ao desenvolvimento do hábito de ler em futuros
jovens.
Neste sentido podemos concluir que, aprender a
ler subentende aprender a escrever, pois a leitura e a escrita são atividades
complementares, intimamente ligadas, como as faces de uma mesma moeda.
Sabemos que atitudes como gostar de ler são construídas
aos pouco, com o convívio em casa, na vizinhança, nas ruas com objetos de
leitura. Sabe-se que o rendimento escolar está diretamente ligado à leitura,
uma vez que ela é uma habilidade fundamental no processo de construção do
conhecimento, qualquer que seja a disciplina que compõe o currículo pedagógico.
Contudo, a prática de ensino tem indicado que os alunos que concluem o ensino
fundamental e o ensino médio, e mesmo aqueles que ingressam nas universidades,
têm demonstrado dificuldades na compreensão de textos.
Entendemos que a leitura é um processo de
construção de sentido: ler é interagir com o autor, procurar e produzir
sentidos, vivenciar experiências. É ser competente para compreender e decifrar
a realidade.
Precisamos entender que a leitura é a extensão da
escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de
ser conseguido através da leitura fora da escola. Cabe a escola preparar o
aluno para a vivência da leitura como forma de fazê-lo leitor do mundo.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Leitura: hábito ou gosto?
Não seria demais considerar dever da escola a
criação de situações que façam com que a leitura se incorpore à vida do
indivíduo. E neste ponto sobressai a indagação: queremos o aluno que lê,
obedientemente, o livro de leitura extra-classe bimestral, ou queremos um
leitor para toda a vida? Pode-se formular esta indagação, ainda, de uma outra
maneira: para a formação integral do leitor, o que importa é criar o hábito ou
o gosto pela leitura?
Embora, de modo geral, não se faça distinção
entre hábito de leitura e gosto pela leitura, ao menos no que diz respeito à
formação do leitor, a própria dinâmica do trabalho com a leitura justifica essa
diferenciação.
O ato de ler, pelo que já se viu, considerado em
sua dimensão mais ampla, constitui um dos mecanismos por meio do qual é
possível compreender melhor o mundo, posicionando-se diante dele. Nele está
assentado todo o processo ensino-aprendizagem — pois que os conteúdos, mesmo
que veiculados pela fala, são sistematizados por meio da palavra escrita
(livros, apostilas, apontamentos de aula etc.) Por si só isto transforma, para
qualquer sujeito em fase de escolarização, a leitura num hábito, enquanto
atividade realizada quase que diariamente, durante o período que permanece na
escola.
No entanto, assim que abandona os bancos
escolares (seja em que nível for, muitas vezes até após o término de um curso
superior), não é raro encontrarmos pessoas que jamais se interessam em ler
sequer o jornal, contentando-se com a notícia pronta e mastigada, veiculada
pela mídia eletrônica; pessoas que passam anos a fio sem tocar em um só livro,
a não ser por rigorosa exigência profissional – e neste momento a leitura ainda
é enfadonha e a elaboração de um sentido para o que se leu se transforma, muitas
vezes, num obstáculo quase intransponível.
Observando os adultos que nos cercam, inseridos
no mercado de trabalho ou nas universidades, perguntamo-nos, então, em que
canto de sala de aula ficou perdido aquele hábito. Se a constatação é
verdadeira, como cremos, a disposição duradoura, que caracteriza o hábito, por
algum mecanismo acaba não sendo apreendida na escola; ou melhor, quando existe,
geralmente não foi a escola que a criou. Assim, em termos de leitura, os anos
de escolarização regular são capazes de criar um hábito que, no entanto, só
perdura sob a perspectiva de algo que precisa ser feito, como uma obrigação a
ser cumprida, pois dele depende todo o desempenho no cumprimento das etapas de
escolarização preestabelecidas, desaparecendo tão logo desaparece sua
necessidade.
Habituar o aluno a ler se tem mostrado, portanto,
inócuo, insuficiente (embora desejável) para que se forme um cidadão capaz de
incorporar a leitura às atividades de seu cotidiano. Isto só ocorre quando a
leitura é vista não como o cumprimento de um dever, mas como um espaço
privilegiado, a partir do qual tanto é possível refletir o mundo quanto
afastar-se dele, um espaço no qual é possível encontrar aquilo que a vida nos
nega, quer sob a perspectiva da realidade (enquanto informação, conhecimento),
quer sob a da fantasia. E para que isso ocorra, para que se forme um leitor
para toda a vida, o hábito, por si só, não chega. Há que se desenvolver o gosto
pela leitura.
Tal tarefa, no entanto, requer, inicialmente, que
a leitura seja tratada naquela perspectiva mais ampla, e também que o material
sobre o qual o professor trabalhe seja capaz de levar o aluno a descobrir a sua
capacidade libertadora e criativa, enquanto esculpe, em cada texto, a sua
própria leitura. E este material é, preferencialmente, o texto literário.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ANDALO, Adriane. Didática de Língua
Português para Ensino Fundamental. São Paulo: FTD, 2000.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua
Portuguesa. MEC/SEF. Brasília. 1998.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando
sem o Ba-Bé-Bi-Bo-Bu. São Paulo: Scipione. 1993
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura
Infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1998.
MARIA, Luzia de. Leitura &
Colheita. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
MINAS GERAIS. Orientações para a
organização do Ciclo Inicial de Alfabetização. Belo Horizonte:
Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, 2004.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e
realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis:
Vozes, 1994.
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