segunda-feira, 2 de setembro de 2013

COMO DESENVOLVER O HÁBITO DE LER?






Um dos desafios dos dias atuais nas escolas é desenvolver no aluno o gosto pela literatura, ou uma leitura extensiva.
Todos os educadores reclamam o crescente desinteresse dos estudantes de todos os graus pela leitura. Muitas e diferentes razões são apontadas para o fato: descuido familiar, decadência do ensino, excesso de facilidade na vida escolar, apelos sociais com muitas formas de diversão, etc.
O trabalho foi desenvolvido sobre a preferência de diversão dos alunos, os tipos de livros que tem em casa e o incentivo que recebem por parte do professor da classe, da bibliotecária e da família para o desenvolvimento do gosto pela literatura.
Isso surgirá com o melhor conhecimento do fenômeno literário e do leitor infantil, e certamente trará como conseqüência a produção de obras literárias mais adequadas para a infância, a facilitação do acesso ao livro e melhores opções de leitura e de atividades em torno dela.
Um dos pontos cruciais a ser superado é a leitura com cobrança. Pense! Por que o aluno prefere a televisão, o vídeo-game, a internet e outras diversões em vez da leitura? Será que é por que não tem que relatar nada, não tem que fazer prova sobre o assunto, não vai ser cobrado de alguma outra forma?
Sem dúvida, o desinteresse dos alunos tem como uma das causas esse condicionamento, essa tranqüilidade que vamos, ano após ano, levando às crianças os mesmos livros, as mesmas histórias, supondo atividades iguais para todos os alunos como se eles fossem iguais.
Cabe ao educador refletir e mudar sua prática pedagógica. A leitura precisa ser vista como uma possibilidade de indagar, pesquisar, criar, recriar, de maneira que a literatura venha a ter uma função atual, verdadeiramente recreativa e estética – e por isso social e renovadora -, entre atividades da criança e do adolescente. Isso ocorrerá com facilidade quando a literatura for um valor para o próprio estudante.
Se perguntarmos a qualquer educador sobre o que se pretende quando leva o livro à infância, a resposta será sempre a mesma: queremos criar nos pequenos o hábito de ler. Em outras palavras, pretendemos que a criança tenha, pela vida afora, a literatura como forma de enriquecimento.
Mas, o que a escola tem feito para isso? Qual é o incentivo que as crianças têm para dedicarem à leitura? O que os nossos alunos gostam de ler? Por que nossos alunos lêem tão pouco?
Há uma intensa crítica aos procedimentos utilizados freqüentemente sobre literatura na sala de aula. Muitos são os autores que se dedicam aos estudos da importância da literatura e está na hora de socializarmos com este material para entendermos as dificuldades diante do desenvolvimento do hábito de ler em nossos alunos.
Vale ressaltar que é preciso pensar e repensar o problema da leitura no contexto brasileiro, estimular o aluno a ler é difícil, mas sabemos que é preciso.

REFLEXOES SOBRE LITERATURA

O trabalho com literatura infantil, nos mais diferentes graus de ensino tem-nos mostrado as dificuldades que todos os interessados no assunto enfrentam: escassa bibliografia relativa à teoria da literatura infanto-juvenil; difícil acesso ao texto; poucas experiências de apoio para um trabalho prático e eficiente com literatura para crianças e jovens.
Sabemos que a escola tem dado a muitos a posse do código escrito, mas a poucos o direito de se tornarem leitores. Os alunos necessitam aprender diferentes maneiras de ler, que correspondem não só aos diferentes objetivos e expectativas dos leitores, mas ao fato de que circulam na sociedade tipos e gêneros textuais diversos. Não se realiza o direito de ler sem que os objetos estejam garantidos. Objetos que contemple variação de suportes como: jornais, livros de literatura, livros de informações, revistas diversas, vídeos, documentários, etc, e que, respeitadas as especificidades lingüísticas e diferentes propostas de interlocução, também contemplem variações de mídias como: rádio, televisão, internet, etc.

A leitura é uma prática social que envolve atitudes, gestos e habilidades que são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de leitura propriamente dito, como no que antecede a leitura e no que decorre dela. Assim, o sujeito demonstra conhecimentos de leitura quando sabe a função de um jornal, quando se informa sobre o que tem sido publicado, quando localiza pontos de acesso público e privado aos textos impressos (biblioteca), quando identifica pontos de compra de livros (livraria, bancas, etc.). Dizendo de outra forma, depois que um leitor realiza a leitura, os textos que leu vão determinar suas escolhas de leitura futuras, servirão de contraponto para outras leituras.
Atitudes como gostar de ler e interessar-se pela leitura e pelos livros são construídas, para algumas pessoas, no espaço familiar e em outras esferas de convivência em que a escrita é importante que a criança perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário e que tenha os adultos como modelo. Nessa perspectiva, não é necessário que a criança espere aprender a ler para ter acesso ao prazer da leitura: pode ler através dos “olhos” do professor e de outros mediadores culturais. Para adquirir uma atitude descontraída com os textos, é importante também que o aluno manuseie livros e outros impressos, que tente ler e adivinhar o que está escrito.
Considerando que esta tem sido uma preocupação constante da Escola Básica – mesmo que não se obtenha o sucesso esperado – voltamos nossa atenção para dois focos específicos: o tipo de texto utilizado na escola e a perspectiva metodológica sobre a qual se alicerçam as atividades de leitura, não sem considerar, anteriormente, sob que perspectiva a escola está procurando formar este leitor.
As atitudes de leitura não exigem uma fase certa para fundamentar-se, constituem-se como componente do processo de escolarização. Por isso, o planejamento de trabalho com leitura desde a Fase Introdutória do Ciclo Inicial de Alfabetização é muito importante e deve levar em conta que as atitudes favoráveis à leitura e a disposição de adquirir comportamentos sociais típicos de leitor são fruto de um trabalho contínuo. Certamente que um bom trabalho feito nas séries iniciais de alfabetização em relação à leitura será favorável ao desenvolvimento do hábito de ler em futuros jovens.
Considerando que esta tem sido uma preocupação constante da Escola Básica – mesmo que não se obtenha o sucesso esperado – voltamos nossa atenção para dois focos específicos: o tipo de texto utilizado na escola e a perspectiva metodológica sobre a qual se alicerçam as atividades de leitura, não sem considerar, anteriormente, sob que perspectiva a escola está procurando formar este leitor.
As atitudes de leitura não exigem uma fase certa para fundamentar-se, constituem-se como componente do processo de escolarização. Por isso, o planejamento de trabalho com leitura desde a Fase Introdutória do Ciclo Inicial de Alfabetização é muito importante e deve levar em conta que as atitudes favoráveis à leitura e a disposição de adquirir comportamentos sociais típicos de leitor são fruto de um trabalho contínuo. Certamente que um bom trabalho feito nas séries iniciais de alfabetização em relação à leitura será favorável ao desenvolvimento do hábito de ler em futuros jovens.
Neste sentido podemos concluir que, aprender a ler subentende aprender a escrever, pois a leitura e a escrita são atividades complementares, intimamente ligadas, como as faces de uma mesma moeda.
Sabemos que atitudes como gostar de ler são construídas aos pouco, com o convívio em casa, na vizinhança, nas ruas com objetos de leitura. Sabe-se que o rendimento escolar está diretamente ligado à leitura, uma vez que ela é uma habilidade fundamental no processo de construção do conhecimento, qualquer que seja a disciplina que compõe o currículo pedagógico. Contudo, a prática de ensino tem indicado que os alunos que concluem o ensino fundamental e o ensino médio, e mesmo aqueles que ingressam nas universidades, têm demonstrado dificuldades na compreensão de textos.
Entendemos que a leitura é um processo de construção de sentido: ler é interagir com o autor, procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. É ser competente para compreender e decifrar a realidade.
Precisamos entender que a leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. Cabe a escola preparar o aluno para a vivência da leitura como forma de fazê-lo leitor do mundo.

CONSIDERAÇOES FINAIS

Leitura: hábito ou gosto?

Não seria demais considerar dever da escola a criação de situações que façam com que a leitura se incorpore à vida do indivíduo. E neste ponto sobressai a indagação: queremos o aluno que lê, obedientemente, o livro de leitura extra-classe bimestral, ou queremos um leitor para toda a vida? Pode-se formular esta indagação, ainda, de uma outra maneira: para a formação integral do leitor, o que importa é criar o hábito ou o gosto pela leitura?
Embora, de modo geral, não se faça distinção entre hábito de leitura e gosto pela leitura, ao menos no que diz respeito à formação do leitor, a própria dinâmica do trabalho com a leitura justifica essa diferenciação.
O ato de ler, pelo que já se viu, considerado em sua dimensão mais ampla, constitui um dos mecanismos por meio do qual é possível compreender melhor o mundo, posicionando-se diante dele. Nele está assentado todo o processo ensino-aprendizagem — pois que os conteúdos, mesmo que veiculados pela fala, são sistematizados por meio da palavra escrita (livros, apostilas, apontamentos de aula etc.) Por si só isto transforma, para qualquer sujeito em fase de escolarização, a leitura num hábito, enquanto atividade realizada quase que diariamente, durante o período que permanece na escola.
No entanto, assim que abandona os bancos escolares (seja em que nível for, muitas vezes até após o término de um curso superior), não é raro encontrarmos pessoas que jamais se interessam em ler sequer o jornal, contentando-se com a notícia pronta e mastigada, veiculada pela mídia eletrônica; pessoas que passam anos a fio sem tocar em um só livro, a não ser por rigorosa exigência profissional – e neste momento a leitura ainda é enfadonha e a elaboração de um sentido para o que se leu se transforma, muitas vezes, num obstáculo quase intransponível.
Observando os adultos que nos cercam, inseridos no mercado de trabalho ou nas universidades, perguntamo-nos, então, em que canto de sala de aula ficou perdido aquele hábito. Se a constatação é verdadeira, como cremos, a disposição duradoura, que caracteriza o hábito, por algum mecanismo acaba não sendo apreendida na escola; ou melhor, quando existe, geralmente não foi a escola que a criou. Assim, em termos de leitura, os anos de escolarização regular são capazes de criar um hábito que, no entanto, só perdura sob a perspectiva de algo que precisa ser feito, como uma obrigação a ser cumprida, pois dele depende todo o desempenho no cumprimento das etapas de escolarização preestabelecidas, desaparecendo tão logo desaparece sua necessidade.
Habituar o aluno a ler se tem mostrado, portanto, inócuo, insuficiente (embora desejável) para que se forme um cidadão capaz de incorporar a leitura às atividades de seu cotidiano. Isto só ocorre quando a leitura é vista não como o cumprimento de um dever, mas como um espaço privilegiado, a partir do qual tanto é possível refletir o mundo quanto afastar-se dele, um espaço no qual é possível encontrar aquilo que a vida nos nega, quer sob a perspectiva da realidade (enquanto informação, conhecimento), quer sob a da fantasia. E para que isso ocorra, para que se forme um leitor para toda a vida, o hábito, por si só, não chega. Há que se desenvolver o gosto pela leitura.
Tal tarefa, no entanto, requer, inicialmente, que a leitura seja tratada naquela perspectiva mais ampla, e também que o material sobre o qual o professor trabalhe seja capaz de levar o aluno a descobrir a sua capacidade libertadora e criativa, enquanto esculpe, em cada texto, a sua própria leitura. E este material é, preferencialmente, o texto literário.


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANDALO, Adriane. Didática de Língua Português para Ensino Fundamental. São Paulo: FTD, 2000.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. MEC/SEF. Brasília. 1998.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o Ba-Bé-Bi-Bo-Bu. São Paulo: Scipione. 1993
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: teoria e prática. São Paulo: Ática, 1998.
MARIA, Luzia de. Leitura & Colheita. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
MINAS GERAIS. Orientações para a organização do Ciclo Inicial de Alfabetização. Belo Horizonte: Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, 2004.
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1994.


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